segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Rumos da Educação

O que têm em comum o antropólogo e pesquisador musical Hermano Vianna; Will Wright, o criador da famosa série de jogos eletrônicos, "The Sims"; Marc Prensky, criador de jogos educativos; e o biólogo E. O. Wilson, professor emérito de Harvard e vencedor do Prêmio Pulitzer, um dos mais influentes cientistas norte-americanos? Eles são unânimes em afirmar que os games fazem parte do futuro da educação.

Apesar de ainda haver resistências, a opinião desses estudiosos merece atenção. O crescimento do mundo dos jogos, e sua importância na vida contemporânea, principalmente na dos jovens, é uma realidade. No entanto, quando se trata da aplicação de jogos na educação, essa discussão é ainda muito inexpressiva no Brasil.

A maneira como os jovens se enxergam se modificou, assim como a realidade do ensino. De cinco anos para cá pesquisadores vêm afirmando que a tendência da área de educação é extrapolar os limites da sala de aula. Assim, a inserção da tecnologia ficou mais importante. Hoje, é por meio da internet que muitos jovens se expressam. Não é possível pensar em educação à margem dessa realidade. Os nativos digitais (termo muito usado por Marc Prensky para definir os que já nasceram com acesso à tecnologia) preferem receber a informação de múltiplas fontes, enquanto realizam várias tarefas ao mesmo tempo (se correspondem por e-mail, assistem a vídeos no YouTube, ouvem música pelo MySpace, etc).

Esse comportamento confere aos estudantes de hoje características diferentes em relação às gerações anteriores. Muitos afirmam que eles se comportam dentro da mesma dinâmica dos jogos, ou seja, preferindo aprender somente o que é relevante, imediatamente útil e divertido. Assimilam e aplicam esse conhecimento no dia a dia. Seja pela internet, pelo videogame, ouvindo música ou trocando mensagens.

Em julho, o Brasil terá oportunidade de discutir novas tendências em educação, a partir de um encontro internacional promovido pela Cultura Inglesa. O ABCI, Congresso Nacional das Culturas Inglesas, que acontecerá no Rio, pretende trazer aos educadores da instituição tudo o que está sendo discutido no mundo sobre ensino, desenvolvimento de novas técnicas e diretrizes para os próximos anos. Marc Prensky, por exemplo, é um dos palestrantes convidados e deverá falar da importância da aplicação da tecnologia no processo de ensino no século XXI.

A Associação de Culturas Inglesas entende que eventos como esse são fundamentais para que o Brasil melhore as suas práticas de ensino e forme pessoas com pensamento crítico.

MARIA LUCIA WILLEMSENS é diretora-superintendente da Cultura Inglesa.

Fonte: http://oglobo.globo.com/opiniao/mat/2010/06/02/rumos-da-educacao-916771502.asp